
Foi realizado na última terça-feira (21), em meio às celebrações em torno do Dia Mundial da Água, o lançamento oficial das ações do Programa de Conservação e Produção de Água na sub-bacia do Rio Maracujá. O evento contou com a participação de diversas lideranças e entidades públicas e foi sediado na Igreja Matriz de Nossa Senhora de Nazaré, em Cachoeira do Campo, distrito de Ouro Preto.
Esse conjunto de ações faz parte do Programa de Conservação e Produção de Água do Comitê da Bacia Hidrográfica do Rio das Velhas (CBH Rio das Velhas) e tem como missão maximizar o potencial de produção de água nas sub-bacias hidrográficas da região.
A presidenta do Comitê, Poliana Valgas, esteve no evento e explicou que “a bacia do Rio Maracujá é um dos afluentes do Rio das Velhas e possui uma importância enorme para a segurança hídrica da região metropolitana de Belo Horizonte”. Além disso, essa é a primeira etapa de um programa que procura entender os problemas ambientais da região hidrográfica e, assim, apresentar um diagnóstico. “Nós temos o recurso garantido. Está na casa de R$ 5 a R$ 8 milhões [verba destinada para todo o projeto], exatamente para executar ações de recuperação conforme esse diagnóstico. A previsão é que esse laudo seja entregue em outubro deste ano e, já no próximo ano, entraremos na etapa de execução dessas ações”, afirmou.
Especificamente para a bacia do Rio Maracujá, o projeto prevê realização de caracterização geral da bacia, com ênfase nos fatores que contribuem para as condições atuais de degradação; desenvolvimento de base cartográfica, incluindo mapas de uso e ocupação dos solos, pedológico, fundiário, de rede hidrográfica e de susceptibilidade à erosão; realização de levantamento de campo em propriedades rurais, identificando os principais ivos ambientais e possibilidades de intervenção para prevenção, controle, mitigação e recuperação das áreas degradadas; elaboração de projeto básico e executivo para execução de ações de conservação do solo, mitigação e controle de erosão em propriedades; e elaboração de projeto básico e executivo para a estabilização e recuperação dos focos erosivos selecionados.
O recurso financeiro disponibilizado para a recuperação e maximização da produção da água do Rio das Velhas e afluentes, como o Rio Maracujá, vem da cobrança pelo uso da água, taxa que é recolhida pelo Estado e remetida aos comitês para executar ações de recuperação ao longo da extensão da bacia hidrográfica. O Comitê espera recuperar a extensão do Rio Maracujá e, principalmente, reduzir os processos erosivos e carreamento de solo para dentro das calhas das bacias dos afluentes do Rio das Velhas. A previsão é que todas as etapas deste projeto sejam executadas em até cinco anos.
Além do Rio Maracujá, no Alto Rio das Velhas, figuram como sub-bacias selecionadas no Programa de Conservação e Produção de Água o Rio Ribeiro Bonito, no Médio-Alto, o Ribeirão Soberbo, no Médio-Baixo Rio das Velhas, e o Córrego das Pedras, no Baixo.
Confira mais fotos do Lançamento do Programa em Cachoeira do Campo:
Rio Maracujá: necessidade de união entre atores
Entre os presentes na cerimônia oficial de lançamento para as ações de recuperação, estava o Conselheiro do Subcomitê Nascentes, Ronald Guerra. Questionado sobre os impactos no Rio Maracujá, Ronald explicou que “apesar de ser um rio de pequena extensão, ele a por distritos importantes de Ouro Preto. (…) E nessas regiões, recebe todos os impactos ligados a questões urbanas, como poluição, resíduos sólidos e esgoto.” E complementa, “nós sofremos com problemas graves de usos de ocupação (na área urbana) e existem problemas de manejo de uso do solo nas áreas rurais causados por processos minerais, principalmente em sua cabeceira, com ivos de exploração de topázio imperial”.
O conselheiro ressalta a importância de articular diversos setores para a recuperação da cabeceira e calhas do Rio Maracujá, pois o curso d’água perdeu a sua capacidade de reservação por conta do assoreamento. “É um projeto indutor. E aí a maior importância é isso, trabalhar através de mobilização e articulação com os diversos setores da sociedade para que a gente possa ter projetos mais robustos envolvendo atores que são estratégicos, como a própria Cemig [Companhia Energética de Minas Gerais] e Copasa [Companhia de Saneamento de Minas Gerais]”, afirma Ronald Guerra, conselheiro do subcomitê de nascentes.
Saiba mais sobre os problemas e desafios na Bacia do Rio Maracujá:
A sub-bacia do Rio Maracujá, no Alto Rio das Velhas, sofre degradação ambiental provocada pelas voçorocas e poluição. Todo esse impacto atinge diretamente a represa Rio de Pedras, em Itabirito, um dos poucos barramentos de água em uma região estratégica para o abastecimento da Grande BH. Esse cenário de degradação tem motivado o CBH Rio das Velhas a pensar soluções de revitalização para o território.
O secretário de meio ambiente de Ouro Preto, Chiquinho de Assis, e o prefeito de Ouro Preto, ngelo Oswaldo, também estiveram no evento e reafirmaram o compromisso das autoridades com as ações.
Assessoria de Comunicação do CBH Rio das Velhas:
TantoExpresso Comunicação e Mobilização Social
*Texto: João Alves
*Fotos: João Alves